Frio

Sergei Chirikov/EPA

Em Moscovo, os termómetros "subiram" esta tarde até aos 23º negativos

Na Rússia, 76 pessoas já morreram por hipotermia
Vaga de frio glaciar estende-se ao Norte e Sudeste da Europa
21.01.2006 - 22h11 AFP

Uma vaga de frio glaciar oriunda da Rússia, onde já provocou 76 mortos em menos de uma semana, estendeu-se ao Norte e Sudeste da Europa, havendo já vítimas a registar em vários países. Perturbações nos transportes e carências energéticas são outras das consequências das temperaturas anormalmente baixas.

Em Moscovo os termómetros atingiram esta tarde os 23º negativos, um pouco acima da média registada nos últimos dias, mas no nordeste do país, as temperaturas baixaram até perto dos 40º negativos.

De acordo com as autoridades moscovitas, cinco pessoas perderam a vida nas últimas horas na cidade, elevando para 76 o número de pessoas que morreram nos últimos dias devido ao frio, na sua maioria pessoas sem-abrigo e idosos.

Confrontado com um aumento inesperado das necessidades energéticas, o gigante petrolífero Gazprom, principal abastecedor de gás do país, garante que as suas instalações estão “a funcionar no máximo das suas capacidades” para evitar rupturas. Ainda assim, a empresa admite que “15 regiões da Rússia não estavam preparadas para a descida brutal das temperaturas”.

Mas a vaga de frio estendeu-se já a vários países vizinhos, como é o caso da Polónia, onde intensos nevões e ventos fortes são a face mais visível da diminuição da temperatura que, em algumas zonas, chegou aos 20º negativos. Várias aldeias do Leste do país ficaram privadas de luz durante grande parte do dia devido à queda de postes de electricidade, enquanto no Sul, o tecto de uma fábrica na cidade de Ostrowiec desabou, provocando dois mortos e um ferido.

Quatro pessoas morreram de hipotermia desde sexta-feira no Nordeste do país, o que eleva para 127 o número de vítimas do frio no país desde o início do Inverno. A meteorologia prevê que as temperaturas se mantenham abaixo dos 20º graus negativos na quase totalidade do território polaco.

Na Ucrânia, onze pessoas perderam a vida nas últimas 24 horas, elevando para 18 o número de mortes registadas desde o início da vaga de frio.

Mais a Sul, na Turquia, cerca de 3600 aldeias estiveram isoladas durante todo o dia, em especial no Leste e Norte do país, na sequência de fortes nevões. Na província de Bitlis (Leste), um autocarro foi atingido por uma avalancha, acabando por cair numa ravina. Oito dos 29 ocupantes morreram no acidente e outros 15 ficaram feridos.

Nas últimas 24 horas, sete pessoas morreram e outras 61 foram hospitalizadas devido a intoxicações por monóxido de carbono, resultantes de má ventilação das habitações ou uso deficiente de aquecedores e braseiras.

Na Estónia, as autoridades contabilizaram quarto mortes por hipotermia, face aos 33º negativos registados pelos termómetros, temperaturas muito próximas da vizinha Letónia.

Ainda no Báltico, a Lituânia confronta-se com problemas no abastecimento de gás, face ao enorme aumento do consumo energético dos últimos dias, obrigando as autoridades locais a importar combustível da Letónia.

Na vizinha Escandinávia, as temperaturas são também extremamente baixas.

Na Finlândia, onde as regiões setentrionais registaram 42,6º negativos, as autoridades admitem problemas no abastecimento de electricidade, em especial depois da Rússia ter reduzido as suas exportações energéticas para enfrentar as necessidades internas.

No aeroporto internacional de Copenhaga, na Dinamarca, encerrado ontem durante várias horas devido à incapacidade para retirar o gelo das ases dos aviões, as operações já foram retomadas, mas ainda se registam várias horas de atraso.

Na Alemanha, as previsões meteorológicas apontam para a chegada do “frio árctico” na próxima madrugada, admitindo-se que as baixas temperaturas alastrem a outros países vizinhos.

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